Tem algo muito errado no futebol feminino

por Vanessa Ruiz, da revista ESPN*

Na edição de maio, a revista ESPN publicou uma reportagem sobre Kleiton Lima, técnico da seleção feminina de futebol e do Santos, e espécie de consultor do Foz Cataratas, equipe criada no começo do ano com o intuito de ser mais uma força do esporte no Brasil. 

Para ler um trecho da matéria cujo título é “O rei do futebol feminino”, é só clicar aqui. Nas páginas da revista, um gráfico mostra o aumento na proporção de jogadoras do Santos (neste ano, consideramos o Foz Cataratas também) a cada convocação feita por Kleiton, que assumiu após as Olimpíadas de Pequim. A porcentagem de atletas que treinam em clubes ligados a Lima subiu de 29% para 63,6%. Apesar da desconfiança que ronda o processo de convocação, a CBF insiste em não se manifestar. Que novidade, não é mesmo?

Nesta semana, houve a apresentação da seleção sub-20 para o Mundial que vai de 13 de julho a 1° de agosto na Alemanha. O grupo se prepara na Granja Comary até 6 de junho, segundo o site da CBF.

Pois bem: convido vocês a darem uma espiada na convocação do técnico Marcos Gaspar (veja aqui). São 26 atletas de 17 equipes, sendo quatro jogadoras federadas sem clube. Lista com relação de números bastante diversa da última feita por Kleiton Lima, que tem 22 jogadoras, sendo 14 do Santos ou do Foz.

Pode ser que Lima seja adepto do dunguismo, ou seja, gosta convocar apenas as meninas nas quais ele confia. É uma opção justa. O enorme problema é que esta relação de confiança está sendo desenvolvida por ele não necessariamente dentro da seleção, mas nas atividades que comanda em clubes de futebol. E é aí que entra a questão ética: é certo um técnico que está à frente de clubes comandar uma seleção quando os números demonstram clara preferência por jogadoras dos times aos quais ele é ligado?

Das duas, uma: ou Marcos Gaspar precisa ser demitido da CBF porque não sabe montar uma seleção (afinal, só chamou uma jogadora do Santos!); ou os talentos estão de fato espalhados pelo país, e não concentrados apenas em duas equipes que, curiosamente, têm algum tipo de vínculo com uma mesma figura.

 *Texto publicado originalmente no blog da revista ESPN em 27/maio/2010.

Um comentário sobre “Tem algo muito errado no futebol feminino

  1. Como sempre os posts muito bons como sempre!!até em meu blog um outro dia em outro post que não vou me lembrar agora,dei uma destacada nessa.É nessas e outras que o futebol feminino segue aonde está!quero ver na hora q uma Marta e Cristiane se aposentar,como fica o futebol feminino hein?beijos Vanessa!!Igor

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