Futebol: a melhor defesa é o ataque

Nesta segunda, faremos uma roda de conversa com o tema “Mulheres no Futebol: jogando, torcendo, cobrindo” para o qual todos e todas são convidados. Na esteira disso, a Juliana de Faria Kenski, criadora do Think Olga, nos convidou para escrever sobre o tema e saiu este texto aqui.

Olga

soccer 2
É 2014, ano de Copa de Mundo no Brasil, ano em que finalmente o racismo começa a ser tratado com a devida atenção no futebol. Infelizmente, ainda não se pode dizer o mesmo sobre a misoginia, o machismo e o androcentrismo. E o futebol sabe transitar entre estes últimos três como poucos (sem falar na homofobia).
Há oito anos, comecei minha trajetória como jornalista esportiva. Já passei por estádios onde não havia banheiro feminino, já ouvi torcidas de cidades do interior me chamarem de nomes nada legais apenas por eu ser a única mulher com um microfone na mão à beira do campo, já deixei de fazer uma cobertura no exterior aos 20 e poucos anos porque acharam que eu “não saberia me virar” (Oi? Eu viajo sozinha pelo mundo desde os 16).
Nos últimos tempos, acabei me voltando também para o uso das redes sociais e as estratégias digitais…

Ver o post original 307 mais palavras

Finalmente um e-mail esclarecedor da FIFA sobre ingressos

ingressos fifa

A FIFA enviou hoje um e-mail a quem comprou ingressos para os jogos da Copa do Mundo no Brasil. E o e-mail coloca as regras sobre “o que você pode e não pode fazer com seu ingresso” de uma forma muito, muito mais clara do que nos momentos antes ou durante a compra. Nenhuma das minhas consultas às áreas do site da FIFA que versavam sobre o tema terminou com a sensação de: “Ahhhhh, aí sim, entendi tudo”.

Mas agora que eu já comprei os ingressos às cegas num processo tão confuso a ponto de eu achar que não tinha conseguido completá-lo, a FIFA veio e me explicou tudinho.

Valeu, FIFA! Se você tivesse descrito tudo assim tão lindamente antes da minha compra, ela talvez não tivesse sido realizada. Mas acho que você sabia, né? E eu deixei você me pegar.

Veja abaixo a íntegra do e-mail com as regras para transferência e revenda de ingressos, etc: Continuar lendo

Como Madri viu a atuação de Kaká

Desta vez, não vou falar de F1 nem de automobilismo. Se trata de um esporte que, suponho, muitos leitores devem gostar. E o tema só caiu na minha frente por compromissos indiretamente ligados à F1, no fim das contas.

Estava em Madri apenas para tirar os vistos necessários para algumas das últimas etapas da F1. Voltando de uma das embaixadas, peguei o metrô para o albergue quando passei pela estação Santiago Bernabéu da linha 10. Deu um estalo: “Será que tem jogo hoje?”.

Tinha. E seria um quase-amistoso… Antes mesmo de ler as notícias do dia – na rotina maluca da F1, mal tenho conseguido acompanhar futebol; ainda que esteja oficialmente morando na Espanha, quase não fico em Barcelona por causa dos GPs -, o primeiro pensamento que me veio foi o de que Kaká deveria jogar. Tinha ouvido recentemente que ele estava recuperado e bem condicionado fisicamente. E, bom, todos sabemos que Mourinho não faz a menor questão de colocá-lo em jogos que valham e o desta quarta era a típica oportunidade para reservas.

Dei um jeito de conseguir um ingresso e cheguei ao estádio meia hora antes da partida. O Bernabéu não estava muito cheio, mas os torcedores pareciam se espalhar pelas arquibancadas de uma maneira razoavelmente equilibrada, deixando pouquíssimas áreas totalmente vazias.

A partida contra o Millonarios da Colombia era mais uma edição, a 34ª, do Troféu Santiago Bernabéu. Na prática, um amistoso. Mas conforme o jogo foi se desenrolando, a reação da torcida era como num jogo normal. Do primeiro ao oitavo, todos os gols foram comemorados com a devida emoção. Da mesma maneira, todos os jogadores substituídos foram aplaudidos. De onde eu estava e do que eu conseguia ouvir lá de cima e no fundão, Kaká só perdeu para Callejón, mas eu não posso assegurar que foi assim no estádio inteiro ou uma impressão da “minha área” (o Bernabéu é enorme).

Na história da partida, Kaká foi indiscutivelmente o melhor em campo. A primeira chance de gol do Real, nos primeiros lances do jogo, veio dos pés dele. O camisa 8 celebrou um hat-trick que incluiu gol de costas e de pênalti, além de uma assistência. No fim, foi eleito o melhor da partida-torneio.

A torcida não aplaudiu tanto assim no momento em que Kaká recebeu seu troféu, mas a sensação era de que não tinha muita gente prestando atenção, era hora de correr pro metrô/ônibus e ir pra casa.

Honestamente, não tenho a menor ideia sobre quando foi que Mano Menezes decidiu convocar Kaká – não sou setorista de Seleção, não conheço os meandros da igrejinha -, mas a atuação de ontem foi suficientemente boa para justificar sua volta. Trocando tweets com o Felipe Lobo, da Trivela, ele lembrou que o Millonarios não é tão pior que uma série de times pequenos da Liga Espanhola. Ou seja, Kaká jogou bem mesmo e ponto final.

Na noite desta quinta, a convocação de Kaká era a principal manchete na capa do site do jornal espanhol As. Toda a parte nobre da coluna esquerda, aliás, era dedicada ao jogador com outros nove links dedicados a ele. A capa do diário, em papel, também foi de Kaká:  ”Kaká não se rende”, chamou o jornal, frisando o hat-trick mais os “dobletes” de Morata e Callejón, e o último gol, que foi de Benzema.

Mas o que chamava a atenção no As, nesta noite, era o resultado de uma pesquisa que o site fez com os leitores. “Kaká está pronto para jogar no Real Madrid?” era a pergunta. No momento em que foi feita a nota linkada aqui, 72% dos internautas haviam respondido que sim, mas a pesquisa continuou ativa depois da publicação do texto.

Mourinho avaliou bem o desempenho de Kaká, mas se manteve meio blasé, daquele jeito “é, foi bem, que bom… pra ele”. Disputar com Özil e com o recém-contratado Modric serão outros quinhentos. As chances de que algo mude para o brasileiro no Real Madrid parecem continuar menores do que ele gostaria.

"Novo Palmeiras" passa por Felipão, mas também por reformulação da parceria com a Traffic

O evento preparado pelo Palmeiras e pelos patrocinadores para a apresentação de Felipão foi dos mais bem organizados dos últimos tempos. Na Academia de Futebol, o espaço do ginásio foi decorado, era amplo e acomodou bem as duas ou três centenas de convidados. O som era bom, o que é raro, e algumas falhas no microfone não atrapalharam o andar da carruagem. Felipão estava no centro da mesa. Ao seu lado, o presidente (Luiz Gonzaga Belluzzo), o vice-presidente de Futebol (Gilberto Cipullo) e o diretor de Marketing (Rogério Dezembro) do Palmeiras, além dos representantes de Unimed, Parmalat e Banco Banif, patrocinadores da camisa do treinador.

Estrela-mor do evento, Felipão falou uma série de vezes sobre sua não-ida para a seleção brasileira neste momento, fez piada, comentou as dificuldades que vai encontrar num Palmeiras que passa a estar “em formação” com a sua chegada, paquerou a imprensa e a torcida, disse imaginar que a Traffic “vai fazer um carinho” nele trazendo reforços para os lugares de Diego Souza e Cleiton Xavier.

Depois de ter coberto o Palmeiras por um tempo (entre 2007 e 2009), me sinto ao menos um pouco creditada a dizer “a meu ver”. E a meu ver, o ponto crucial a moldar a passagem de Felipão pelo clube está no ajuste da relação com a Traffic.

Já é possível dizer que houve um modelo, que este modelo falhou e que ele começa, agora, a ser substituído.

Quando o contrato foi firmado em 2008, houve uma invasão de jogadores contratados com a ajuda da parceira: Henrique, Diego Souza, Sandro Silva, Jumar, Fabinho Capixaba, Maicossuel. A Traffic passou a ter parte de Lenny, Pierre (recomprado pelo Palmeiras), dentre outros. Não quis investir em Kleber, o que magoou boa parte da torcida palmeirense ainda que ela tivesse claro o funcionamento da empresa.

Problemas maiores surgiram quando os atletas-Traffic — que eram colocados no clube sem custo de transferência sob a condição de que atuassem para se valorizarem — começaram a não encaixar no Palmeiras. Porque isto acontece, afinal. Atletas são gente que precisa se adaptar a um grupo, a um modo de jogar, precisa se identificar com as metas do time. Não são parafusos de medidas exatas a serem encaixados numa máquina tão previsível quanto. Ingênuo foi quem acreditou que funcionaria bem assim.

O exemplo mais desastroso da “fase 1” da parceria foi o atacante Marquinhos, destaque do Vitória-BA contratado no início de 2009 através da Traffic. Era nítido seu desinteresse pelo clube por um motivo simples: ele nunca se adaptou. Assim, Muricy Ramalho não quis usá-lo quando chegou. No entanto, por ser um jogador da Traffic, Antonio Carlos tentou colocá-lo em campo de novo, sem sucesso algum. Foi o “mico” clássico: o Palmeiras pagou cerca de um ano e meio de salário para um atleta que não tinha a ver com o time, mas que precisava permanecer lá porque era da parceira; o clube que desse um jeito de valorizá-lo.

Na entrevista coletiva de hoje, Belluzzo disse que “a [nova] política é aumentar o número de jogadores pertencentes ao Palmeiras” e frisou que a postura parece, mas não é oposta aos interesses da parceira.

Se a nova era tiver realmente chegado, tem tudo para fazer com que o Palmeiras finalmente deixe de ser refém do acordo firmado. A ideia é que venham poucos atletas da Traffic, mas que sejam tiros certeiros tanto da empresa, quanto do clube.

Justiça ordena retirada de blog sobre futebol feminino do ar

Ana Paula, atleta amadora, tinha um blog que falava sobre futebol feminino. Há algum tempo, publicou um texto escrito por ela mesma com duras críticas ao técnico da seleção principal, Kleiton Lima. O post saiu do ar. O blog continua lá, mas não tão lá assim. 

Acao_judicial_-_blog_ana_paula

Por orientação de seu advogado, Ana Paula não divulga o fato além do que está no último post, nem fala o nome de quem entrou na Justiça para que ela tirasse o blog da rede. Precisa?

 

Links relacionados:

http://anatrafic10.blogspot.com/

O Rei do Futebol Feminino (reportagem publicada na revista ESPN, edição de maio/2010)

Tem algo muito errado no futebol feminino (post publicado no blog da revista ESPN e reproduzido no ENTRELACE v2.0)