"Novo Palmeiras" passa por Felipão, mas também por reformulação da parceria com a Traffic

O evento preparado pelo Palmeiras e pelos patrocinadores para a apresentação de Felipão foi dos mais bem organizados dos últimos tempos. Na Academia de Futebol, o espaço do ginásio foi decorado, era amplo e acomodou bem as duas ou três centenas de convidados. O som era bom, o que é raro, e algumas falhas no microfone não atrapalharam o andar da carruagem. Felipão estava no centro da mesa. Ao seu lado, o presidente (Luiz Gonzaga Belluzzo), o vice-presidente de Futebol (Gilberto Cipullo) e o diretor de Marketing (Rogério Dezembro) do Palmeiras, além dos representantes de Unimed, Parmalat e Banco Banif, patrocinadores da camisa do treinador.

Estrela-mor do evento, Felipão falou uma série de vezes sobre sua não-ida para a seleção brasileira neste momento, fez piada, comentou as dificuldades que vai encontrar num Palmeiras que passa a estar “em formação” com a sua chegada, paquerou a imprensa e a torcida, disse imaginar que a Traffic “vai fazer um carinho” nele trazendo reforços para os lugares de Diego Souza e Cleiton Xavier.

Depois de ter coberto o Palmeiras por um tempo (entre 2007 e 2009), me sinto ao menos um pouco creditada a dizer “a meu ver”. E a meu ver, o ponto crucial a moldar a passagem de Felipão pelo clube está no ajuste da relação com a Traffic.

Já é possível dizer que houve um modelo, que este modelo falhou e que ele começa, agora, a ser substituído.

Quando o contrato foi firmado em 2008, houve uma invasão de jogadores contratados com a ajuda da parceira: Henrique, Diego Souza, Sandro Silva, Jumar, Fabinho Capixaba, Maicossuel. A Traffic passou a ter parte de Lenny, Pierre (recomprado pelo Palmeiras), dentre outros. Não quis investir em Kleber, o que magoou boa parte da torcida palmeirense ainda que ela tivesse claro o funcionamento da empresa.

Problemas maiores surgiram quando os atletas-Traffic — que eram colocados no clube sem custo de transferência sob a condição de que atuassem para se valorizarem — começaram a não encaixar no Palmeiras. Porque isto acontece, afinal. Atletas são gente que precisa se adaptar a um grupo, a um modo de jogar, precisa se identificar com as metas do time. Não são parafusos de medidas exatas a serem encaixados numa máquina tão previsível quanto. Ingênuo foi quem acreditou que funcionaria bem assim.

O exemplo mais desastroso da “fase 1” da parceria foi o atacante Marquinhos, destaque do Vitória-BA contratado no início de 2009 através da Traffic. Era nítido seu desinteresse pelo clube por um motivo simples: ele nunca se adaptou. Assim, Muricy Ramalho não quis usá-lo quando chegou. No entanto, por ser um jogador da Traffic, Antonio Carlos tentou colocá-lo em campo de novo, sem sucesso algum. Foi o “mico” clássico: o Palmeiras pagou cerca de um ano e meio de salário para um atleta que não tinha a ver com o time, mas que precisava permanecer lá porque era da parceira; o clube que desse um jeito de valorizá-lo.

Na entrevista coletiva de hoje, Belluzzo disse que “a [nova] política é aumentar o número de jogadores pertencentes ao Palmeiras” e frisou que a postura parece, mas não é oposta aos interesses da parceira.

Se a nova era tiver realmente chegado, tem tudo para fazer com que o Palmeiras finalmente deixe de ser refém do acordo firmado. A ideia é que venham poucos atletas da Traffic, mas que sejam tiros certeiros tanto da empresa, quanto do clube.

Um comentário sobre “"Novo Palmeiras" passa por Felipão, mas também por reformulação da parceria com a Traffic

  1. Parceria ??? Que parceria ??? Ganharam uma grana com Henrique, Keirrison, Diego Souza e não sei mais quem e pararam ! Eles e nada são a mesma coisa.

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