The Sekou Effect

É este o sonoro nome que Sekou Andrews usou para batizar sua arte transformada em negócio. Artista da poesia falada (“spoken word”, como chamam em inglês), venceu uma série de competições recitando suas próprias criações (“poetry slam”) antes de decidir que viveria de arte. Ele mora em Los Angeles, lugar razoavelmente bom para isso no contexto americano.

A apresentação de Sekou numa das noites do IVOH World Summit 2011 foi um ponto alto, altíssimo. Há chances de que só tenha sido tão alto na minha visão por conta do que precedeu a mostra do seu trabalho diante dos que estavam em Peace Village, um contato direto e de guarda baixa, a oportunidade de conhecer o lado pessoal antes do profissional.

Na manhã daquele dia, havia estado com Sekou em um dos grupos de debate da conferência. Eu, ele, Katie Walsh, Kathy Barrett e Julia, uma estudante de Ensino Médio de 16 anos que participava do Summit pela segunda vez — ela faz um programa mensal para adolescentes na cidade em que vive, escreve poesia e está interessada dar voz à comunidade gay da sua faixa etária, que, segundo ela, anda bem escanteada pelo movimento.

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1. Sekou e Julia / 2. Katie e Kathy / 3. Sekou e Julia ouvem a professora Sherry Turkle

A pergunta que tínhamos que responder naquela mesa de chá tinha algo a ver com “como sabemos o que sabemos”. Seguindo o fluxo do nosso bate-papo, acabamos não respondendo à questão, preferimos passear por assuntos que iam naturalmente sucedendo uns aos outros. Nós estávamos na semana em que o 11 de setembro completava uma década; de início, a discussão girou em torno disso.

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A coisa está feia… e o "average American" sabe

O orgulho ainda resiste, mas parece que o encanto não está mais lá. Foi esta a sensação que tive ao conversar com um bunch de average Americans durante a passagem pelas Catskill Mountains de Nova York, no meio do mês.

Os efeitos do aumento do número de americanos vivendo abaixo da linha da pobreza, muito embora a pobreza deles equivalha à nossa classe C, estão se espalhando feito água de enxurrada e uma escara está sendo aberta na autoestima de boa parte da população.
Não me lembro exatamente quando foi que eu ouvi a expressão “average American” pela primeira vez. Deve ter sido em notícia sobre algum estudo; isso é termo de pesquisa, mas ela soa de uma forma que me atrai. “Brasileiro médio” não tem o mesmo efeito (o certo seria “mediano”, mas aí é que a coisa desceria pelo barranco sócio-semântico de vez). Enfim. É a conversa com um destes “average Americans” que conto neste post.