Tirando a Red Bull do pedestal

Toda a alegria deste pódio bacana no GP da Malásia 2013 (Getty Images/Mark Thompson)

Toda a alegria deste pódio bacana no GP da Malásia 2013 (Getty Images/Mark Thompson)

O GP da Malásia terminou e o que ficou, mais uma vez, foram as discussões sobre fatores extrapista que interferem — e muito — no resultado das disputas na Fórmula 1. Nas últimas 24 horas, a desobediência de Sebastian Vettel a uma ordem de equipe tem gerado opiniões controversas.

O tricampeão ultrapassou seu companheiro de Red Bull, Mark Webber, num momento em que a equipe já havia avisado aos dois que as coisas deveriam ser mantidas como estavam (Webber em primeiro e Vettel em segundo) até o fim da prova, após o último pitstop de ambos. Para aproveitar e “economizar” o motor, levando em conta que os 43 pontos (25 do primeiro e 18 do segundo colocado) estavam praticamente garantidos para a equipe, foi passado a ambos os pilotos a orientação de reduzir a potência. Ao que parece, Vettel não só não o fez como ainda foi para cima com um carro que estava, obviamente, mais forte naquele momento e conseguiu a ultrapassagem para conquistar sua 27ª vitória na F1.

Ficou feio para Vettel, é verdade. Ele fez um pedido de desculpas atrás do outro desde o momento em que cruzou com Webber após a prova e entendeu o que estava acontecendo. Webber respondeu com uma série de declarações amargas, das quais a que mais me chamou a atenção foi: “Seb tomou suas próprias decisões hoje e será protegido, e é assim que a coisa funciona” (no original em inglês: “Seb made his own decisions today and will have protection, and that’s the way it goes”).

Depois desta introdução, finalmente chego àquele que é meu ponto neste post: qual parte de “a Red Bull faz jogo de equipe como qualquer outra” o pessoal se recusa a entender? Assistindo à reprise da prova, ouvi o narrador dizer, em algum dos momentos em que Vettel tentava atacar Webber, que era bonito ver a Red Bull deixando seus pilotos brigarem na pista. O que pouca gente sabia naquele momento é que não, a Red Bull não estava deixando seus pilotos brigarem na pista. O que acontece é que Vettel tem sede de vitória demais para obedecer. Além do mais, é facil entender que, para o alemão tricampeão, não deve ser muito normal receber ordens para proteger Webber, enquanto o contrário costuma acontecer com frequência bem maior.

Uma fala do chefe de equipe Christian Horner, ao ser questionado sobre uma possível nova ordem para que Vettel devolvesse o lugar a Webber, resumiu bem o espírito: Vocês realmente acham que, se disséssemos a ele para diminuir o ritmo e devolver a posição, ele o teria feito? Não adiantaria. Ele deixou bem clara a sua intenção ao fazer a manobra [de ultrapassagem]. Ele sabia qual era o comunicado. Ele tinha sido comunicado. Ele escolheu ignorá-lo. Ele colocou seu interesse acima da posição que ocupa no time.Ele estava focado naquela diferença de oito pontos entre segundo e primeiro lugar — o que foi um erro. E ele aceitou que foi um erro”.

Sim, Vette deu uma de menino mimado, mas há alguns anos eu venho dizendo isso e, não que eu tenha discutido o tema com tanta gente assim, mas encontrar pelo menos um jornalista com mais de vinte anos de F1 que pensa o mesmo que eu me fez diminuir a sensação de que nado (ou “viajo”) contra a maré a cada vez que afirmo que a Red Bull não é “a boazinha”, não é “a descolada”, mas passa essa imagem de santidade porque sabe fazer as coisas com muito mais inteligência e discrição do que uma Ferrari desajeitada, por exemplo.

Leia aqui, em PDF, um texto publicado na finada revista ESPN sobre jogo de equipe na Red Bull.

Aproveitando o ensejo, deixo a íntegra em inglês das entrevistas pós-prova com o top 3 (Sebastian Vettel, Mark Webber e Lewis Hamilon) do GP do Malásia. Tem ainda o recém-chegado na Mercedes, Hamilton, com vergonha do terceiro lugar garantido por um companheiro mais afável do que Vettel costuma ser para Webber, Nico Rosberg.

PODIUM INTERVIEWS

(Conducted by Martin Brundle)

We’re going to start with Sebastian. That’s your 27th victory. You now match Sir Jackie Stewart with that but it looked pretty close out there on laps 43 and 44, take us through that.

Sebastian VETTEL: Obviously it was very close wheel-to-wheel racing. I think there wasn’t much room for either of us so obviously it was a tight battle. I think probably I was a little bit too keen too soon because I obviously in terms of strategy was on the soft tyre towards the end, on the softer compound, felt I had a little bit more, so yeah, obviously enjoyed the fight, had the upper hand in the end. Throughout the whole race it was very close. Mark was always a little bit ahead – I was stuck in traffic. In the middle of the race I wasn’t quite sure about the strategy but towards the end it seems to work very well because we were able to save that extra set and it came off with a little bit more speed.

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Um final de honrar a temporada

Quando tem Interlagos no meio, a expectativa é sempre alta. E, mais uma vez, foi totalmente correspondida. Talvez não tenha sido a melhor corrida do ano (Abu Dhabi foi também incrível), talvez não tenha sido um final tão maluco quanto o de 2008, mas nenhuma destas “questões de opinião” altera o valor do que a F1 viveu neste domingo aqui em São Paulo.

A previsão já era de chuva na corrida do Brasil desde o domingo em Austin. No entanto, muita gente duvidou. O sol de quinta-feira, ainda presente na sexta, inspirava olhares de descrença apesar de a maioria dos serviços de meteorologia seguir informando que choveria. Hoje, já no grid, dois colegas estrangeiros vieram perguntar “onde é que estava a chuva”. Não demorou muito, a resposta veio, e todos voltaram a se encantar aliviados com as maluquices de Interlagos.

Teve chuva indo, voltando ou caindo só num setor, teve acidente na largada que quase tirou da prova aquele que se tornaria tricampeão mundial mais tarde, teve Kimi Raikkonen ficando preso no antigo traçado da Junção, Schumacher se reaposentando, Jenson Button vencendo e atraindo quase nenhum holofote, teve uma opção errada de Sebastian Vettel na estratégia, ao trocar para pneus slick e ter que retornar poucas voltas depois para recolocar os pneus de chuva, e tantos outros episódios.

A sorte pareceu estar jogando contra Vettel em vários momentos, mas o alemão da Red Bull tinha a vantagem que o permitia suceder ainda que tudo não saísse da maneira perfeita, ao contrário de Fernando Alonso. Só que, há tempos, Alonso já sabia que não seria fácil. Foram incontáveis as vezes em que, nesta segunda metade de temporada, o ferrarista fez questão de expor que não contava com margem para erros. Muito, é verdade, pelo fato de o carro da Ferrari quase não ser páreo nem para o vice-campeonato — e Lewis Hamilton não tivesse abandonado, talvez o vice de Construtores tivesse terminado nas mãos da McLaren.

Uma diferença de apenas três pontos definiu: era Vettel o piloto destinado a se tornar o tricampeão mais jovem da F1 aos 25 anos (e entrar na seleta lista de campeões por três anos seguidos, que tem Michael Schumacher com cinco e Juan Manuel Fangio com quatro títulos), era Adrian Newey aquele que teria o prazer de ver mais uma de suas criações se tornando imbatíveis na companhia de um piloto talentoso (depois do nono título de Construtores).

Com relação às criações de Newey, foi impressionante ver Vettel terminar a corrida tendo o carro danificado desde a primeira volta. A mensagem no rádio, que dizia algo na linha: “Não venha para os boxes porque os danos são irreparáveis”, assustou, mas se provou o menor dos desafios no final.

A Fernando Alonso restou lutar, tirar o máximo de um carro que não tinha o máximo para dar, e subir ao pódio para… bom, a escolha do verbo aqui é difícil, mas “celebrar” é o primeiro a ser riscado da lista. E bem no momento em que eu pausava para tentar fazer a seleção, veio Luca Colajanni, chefe de imprensa da Ferrari, se despedir: “Tínhamos vindo aqui para vencer, né?”. Mandei um: “Bom, mas foi por pouco…”, como se isso aliviasse em vez de pesar ainda mais. É, Ferrari, não deu de novo. Durante o ano, Alonso parecia não estar disposto a aceitar a perda de mais um título. No entanto, o vínculo continua. Será que a pressão que o bicampeão colocou sobre o time em 2012 vai render mais eficácia no ano que vem? A ver.

O “universo paralelo” em que Interlagos costuma se transformar alinhou seus astros para provocar emoções opostas nos pilotos brasileiros. Bruno Senna saiu na primeira volta, e Felipe Massa subiu ao pódio em casa depois de um ano difícil. Para muitos, aliás, parecia que seria um ano impossível. Não foi. E Massa encerra 2012 chorando emocionado de cabeça erguida, com um desempenho excelente na pista, e que foi recuperado a tempo de ajudar o time a ser vice-campeão de Construtores.

Que domingo, que fim de campeonato, que temporada! Foi do tipo que vale cada volta, e que é difícil se repetir tão logo.

Notas pós-Austin: surpresa, título, chuva

De novo: que corrida! Mais uma vez, fomos brindados com uma prova excelente neste fim de temporada da F1. No caso de Abu Dhabi, a expectativa era zero. No caso de Austin, neste domingo, era diferente: a pista era estreante, desenhada por Hermann Tilke e, honestamente, pouca gente sabia o que esperar.

No sábado, os próprios pilotos andavam meio descrentes, prevendo dificuldades para ultrapassar. E, surpresa! No domingo, vimos ultrapassagens atrás de ultrapassagens e não só no pelotão do meio, que costuma embolar com mais facilidade, mas na ponta também. Lewis Hamilton passou o pole position Sebastian Vettel, que parecia ter ritmo suficiente, mas não tempo, para recuperar a posição.

A velocidade de Hamilton, aliás, colaborou para “salvar um pouco mais” o campeonato. Isto porque, mesmo que Vettel terminasse em primeiro e Alonso em terceiro, a disputa ainda iria para o Brasil. Só que, com a vitória de Hamilton, a distância entre o alemão, líder, e o espanhol, vice-líder do Mundial de Pilotos, aumentou menos do que poderia: passou de dez para treze pontos, e é assim que eles chegam ao Brasil nesta semana.

Em Austin, no fim das contas, estiveram presentes mais de 117 mil fãs no domingo, e uma série de pilotos, dentre eles Felipe Massa, não hesitaram em colocar a pista no “top 5″ da temporada.

Mundial de Construtores tem dono, mas o 2º lugar, não

A Red Bull comemorou aqui em Austin mais um título de Construtores. Com 440 pontos contra 367 da Ferrari, vice-líder, a equipe garantiu a conquista uma prova antes do fim da temporada. Foi o nono título da carreira do projetista Adrian Newey, aquele com quem Alonso diz estar brigando até mais do que com Sebastian Vettel — segundo Alonso, isto se dá porque, quando uma equipe faz tantas dobradinhas seguidas, seja em grid ou prova, há mais do que bons pilotos ali.

A briga pelo vice-campeonato, no entanto, continua bem acesa. As candidatas são Ferrari e McLaren, que tem apenas 14 pontos a menos do que a equipe italiana. O máximo de pontos que um time pode somar é 43 (25 de um primeiro lugar mais 18 do segundo), ou seja, a disputa está totalmente aberta, ainda que a McLaren tenha sido rápida com Lewis Hamilton — Felipe Massa parece melhor que Jenson Button no momento.

Senna x Maldonado

Enquanto Felipe Massa e Fernando Alonso andam tranquilos, com Massa colaborando com o título de Alonso numa boa (ainda que  admita que não é fácil), tivemos companheiros de equipe se desentendendo neste domingo. Bruno Senna deixou a pista bravo, muito bravo com Pastor Maldonado. Os pilotos da Williams protagonizaram uma das brigar por posição mais ousadas e arriscadas da tarde em Austin: Pastor espremeu Bruno e os dois quase se tocaram. Na reunião pós-prova, Bruno expôs sua revolta diante do time e de Pastor; algo na linha do: “É assim? Bom saber”. Por outro lado, Pastor se defendeu dizendo que estava mais rápido que Bruno, e que o brasileiro passou 20 voltas atrás de Nico Hulkenberg sem conseguir atacá-lo, o que Maldonado acreditava que seria possível fazer (e, pelo ritmo, mais algumas voltas e Maldonado realmente passaria o piloto da Force India).

O argumento de Bruno, de priorizar o salvar dos pontos para a equipe, é correto. A justificativa de Pastor também faz sentido neste caso de Austin. Quem está mais certo no contexto geral? Difícil dizer. Talvez Bruno tenha sido um pouco mais ingênuo que Pastor, cuja ingenuidade é a do tipo oposto: achar que é preciso dar tudo a ponto de correr o risco de destruir tudo para tentar algo.

Chuva em São Paulo?

Conforme foi ficando claro que Vettel não sairia de Austin com o título — primeiro, pela diferença insuficiente de pontos para Alonso e, segundo, pelo abandono de Webber com um problema que podia muito bem ter aparecido no carro de Vettel –, a atenção já começou a se voltar para São Paulo. Para o clima de São Paulo, mais especificamente. Por mais que a Ferrari entenda que pode fazer um bom trabalho em Interlagos, a Red Bull está muito mais rápida desde Cingapura e ponto final. Por isso, a previsão de chuva deu uma boa animada em Alonso e nos alonsistas.

Afinal, a “chuva vem da rrrepresa” e “com chuva, vale tudo”, diria o sábio Galvão Bueno. Alguns serviços apontam possibilidade de chuva de mais de 60% no sábado e no domingo. Será? Preferências pessoais à parte, tornaria ainda mais eletrizante este final de campeonato.

Notas pós-Índia: ansiedade, calote, conversas

Foi na Coreia que Sebastian Vettel tomou a liderança, e pode-se dizer que foi na Índia, neste domingo, que começou oficialmente a contagem regressiva para o final do campeonato. A sensação se deve ao fato de que, de novo, Vettel + Red Bull se mostraram melhores do que o conjunto Fernando Alonso + Ferrari. A diferença entre o líder alemão e o vice-líder espanhol subiu de seis para 13 pontos ao fim do GP indiano, e um misto de ansiedade e cansaço provocado pelo calendário extenso vai tomando conta do paddock: será que Fernando Alonso, que até pouco tempo atrás era tido por alguns como favorito ao título, conseguirá tirar a diferença? Faltam só três provas. Abu Dhabi, Índia, Brasil.

Um dos grandes burburinhos do final de semana foi causado por Fernando Alonso em um comentário feito sobre a disputa do título. Depois do classificatório, ele disse que sua luta não era mais com Vettel e, sim, com o projetista da Red Bull, Adrian Newey. Depois, se justificou dizendo que não estava tirando o mérito de Vettel, que é bicampeão mundial, mas que quando um time faz três poles seguidas alternando os pilotos, é porque tem algo a mais, o carro é muito superior. E parece que, além de estar conseguindo manter atualizado o salto de performance que deu após o fim da temporada europeia, a Red Bull deve se dar bem em Austin: as características da pista estreante estão mais para a líder do Mundial de Construtores… de novo.

Este ritmo frenético de fim de ano tem exigido bastante do pessoal que trabalha nas fábricas. O intervalo entre uma dobradinha e outra é mínimo, peças atualizadas têm que voar desde a Europa até a Ásia em cima da hora, e os times confiam nos dados de seus engenheiros e nas sextas-feiras para evoluir. No começo do campeonato, Stefano Domenicali identificou o grande problema da Ferrari como sendo o “método de trabalho”. Digamos que o problema no túnel de vento do time — a Ferrari vinha obtendo dados incorretos — tampouco colabora para evoluções no… método.

Ops! Faltou calculadora

Felipe Massa não teve um domingo fácil. O piloto da Ferrari teve que lidar com a necessidade de economizar combustível desde a primeira metade da corrida (na volta 20, aproximadamente, ele foi avisado do problema). Na saída da pista, Felipe não tinha ideia do motivo, de onde tinha vindo a orientação. Mais tarde, uma hora depois do fim da prova, ele continuava sem resposta. Mas o chefe do time, Stefano Domenicali, não conseguiu escapar e teve que responder que… foi um erro de cálculo.

Segundo Domenicali, o erro foi provocado pelo fato de Massa não ter conseguido completar o programa de testes previsto para sexta-feira. O que, aliás, só não foi feito porque a Ferrari havia cometido um outro erro. No sábado, o brasileiro explicou que a sexta foi prejudicada por uma falha de comunicação dentro do time, que mandou o piloto à pista com uma configuração errada de asa. Isso provocou sua escapada da pista e o consequente desperdício do jogo de pneus separado para a sessão, que era a segunda de treinos livres.

Ninguém fala de F1 comigo

Vijay Mallya reclamou pelo Twitter que até os jornalistas esportivos o abordaram para falar sobre a crise financeira que afeta a Kingfisher Airlines, uma das empresas que a ele pertencem, como se o exercício do Jornalismo agora fosse compartimentado em castas, digo, temas que não se misturam. A presença dele no GP foi um dos assuntos mais comentados no noticiário local, e frisavam que ele iria de helicóptero para não correr o risco de ser interceptado por funcionários da Kingfisher Airlines (Airlines e não a cerveja… ou a água engarrafada, que levam a mesma marca). Só que os funcionários foram “bonzinhos” e encerraram a greve antes do GP, conforme pedido por Mallya, que agradeceu o fato de ter sido atendido. Os salários da maioria estão atrasados em seis ou sete meses, e a promessa é de que quatro meses de salários atrasados serão pagos até o final do ano. Há tempos que Mallya insiste que o que acontece numa empresa, não respinga na outra. Aham. Acreditamos.

E por falar em Force India…

Quem estava sentado numa mesa na área externa do hospitality do time depois da prova deste domingo, conversando com o chefe de equipe Bob Fernley, era o empresário de Bruno Senna. No entanto, parece que a preferência continua sendo a Williams e por motivos óbvios: o carro deste ano está veloz e é a base do carro de 2013, além de não ser tão interessante pular de time em time quanto permanecer e desenvolver um trabalho consistente. A prova de Bruno neste domingo foi, uma vez mais, muito boa, o que vai diminuindo a força dos argumentos de quem está querendo trocá-lo por outro novato.

Notas pós-Coreia: escudeiros, Psy, boliche

O GP da Coreia, 16ª etapa do campeonato, foi o GP dos escudeiros. Mark Webber até largou na pole position, mas não conseguiu manter a primeira posição diante de um ávido Sebastian Vettel, seu companheiro de Red Bull e forte concorrente ao título deste ano. Webber passou a prova inteira protegendo Vettel, assim como fez Felipe Massa em relação a Fernando Alonso. Venceu Vettel seguido por Webber, e Alonso foi terceiro, seguido por Massa. A diferença é que a FOM divulgou o áudio do rádio da Ferrari no momento em que Massa era avisado que estava muito próximo de Alonso — seu ritmo parecia bom o suficiente para repetir o pódio do Japão, no domingo anterior.

Nos anos em que cobri corridas esporádicas (de 2008 a 2011), tive a sorte de estar presente em alguns episódios relevantes. Um deles foi o GP da Alemanha de 2010, marcado pelo “Fernando is faster than you. Can you confirm you understood the message?” que Massa ouviu pelo rádio de equipe, e que significava não tanto que Fernando era mais rápido, mas que Massa deveria deixar o companheiro. À época, o episódio chocou: a entrevista coletiva oficial da FIA com os três primeiros colocados ainda acontecia no meio da sala de imprensa de Hockenheim, não em uma sala separada, e todos os jornalistas puderam encarar a dupla frente a frente.

Neste domingo, na Coreia, a reação do paddock foi muito mais tranquila. Provavelmente, por causa de dois aspectos: porque, desde 2011, não está mais na regra que ordens de equipe são proibidas e porque Felipe Massa está totalmente fora da briga pelo campeonato, diferentemente de 2010, quando ainda havia pelo menos duas centenas de pontos em disputa.

O que muito me intriga é a crença de tanta gente de que não exista jogo de equipe na Red Bull. E chamo de “intrigante” porque é uma questão de crença, mesmo. Afinal, o tamanho da sutileza da Red Bull é algo que não se pode medir. É irresponsável dizer que Webber fingiu impor resistência a Vettel na largada sem ter provas disso — a batida de Nelsinho Piquet no caso que ficou conhecido como Cingapuragate é a prova de que tantos teatros podem ser armados na pista sem que o público e os fãs desconfiem. Por isso, sempre preferi ficar do lado dos que evitam puxar demais o saco da Red Bull.

 #GangnamStyle

Ele nunca tinha assistido a uma corrida de F1, mas foi escolhido como embaixador do GP da Coreia e ainda deu a bandeirada ao final da prova. A organização do GP da Coreia tentou usar a popularidade do cantor Psy — que ficou conhecido ao redor do mundo por causa da música (e da coreografia) Gangnam Style — para atrair mais público para a prova, mas não deu muito certo. As arquibancadas continuaram relativamente vazias para o tamanho da pista.

No paddock, Psy foi uma sensação. Afinal, a música foi ouvida na pista e em reportagens especiais que se replicaram aos montes. Eu, por exemplo, tive a tristeza sorte de presenciar Nico Rosberg dando uma dançadinha depois do classificatório, no sábado. Gangnam Style tem letra, clipe e coreografia debochados, divertidos. Pegou e deve ficar no topo das paradas até o próximo Michel Teló surgir em algum outro canto do mundo.

Hamilton reservou boliche, mas ficou segurando um balão

A história aconteceu durante o GP do Japão, mas só se tornou pública uma semana depois, na Coreia. Lewis Hamilton contou a alguns repórteres, durante uma das entrevistas coletivas, que reservou 16 pistas de boliche para os mecânicos da McLaren no sábado antes da prova, “mas que algo apareceu e eles não puderam ir”. Segundo Hamilton, os mecânicos teriam se unido a Jenson Button, seu colega de equipe, na tradicional corridinha de sábado à noite.

O importante não é a fofoca em si, mas o quanto ela acrescenta à análise de algo que já está ficando claro na pista (faz tempo): Hamilton está numa frequência e a McLaren, em outra. O quanto isso é causa ou consequência da decisão de assinar com a Mercedes, só Hamilton pode ser. O fato é que as coisas foram ficando impraticáveis e eles devem estar agradecendo por só faltarem quatro provas para o fim do campeonato. Neste domingo, Hamilton disse ao Tazio logo ao deixar a pista e sem pensar duas vezes que desistiu da briga pelo títuloainda que o time continue dizendo que vai lutar até o fim.

McLaren desce, Red Bull sobe… e a Ferrari?

A Red Bull segue líder, mas o segundo lugar no Mundial de Construtores é agora da Ferrari, com 290 pontos contra 284 da McLaren, em segundo lugar. A diferença já seria mínima em se tratando de Pilotos, mas fica ainda menor se o assunto é Construtores. Enquanto a Ferrari marcou 101 pontos desde a volta das férias de verão, a McLaren fez 91 — mas o que mais chamou a atenção foi mesmo este final de semana, em que a equipe conseguiu apenas um ponto com Hamilton. O fundo do poço da Ferrari em termos de pontuação havia sido o GP da China, com apenas dois somados, lá no começo do ano. A dúvida que fica agora é se a equipe italiana continuará em evolução. Por mais que seja difícil bater a Red Bull como time, Alonso ainda conta — e muito — com o suporte da equipe na briga pelo título.

É hoje?

Esta terça é o dia esperado, e cravado por alguns colegas jornalistas, para a confirmação da Ferrari de que Felipe Massa segue no time em 2013. Estamos aguardando…

Atualização às 12h: Foi hoje! Leia a notícia no Tazio.