Eu queria explicar o que é o MediaOn, um seminário de jornalismo online em sua terceira edição, queria falar sobre o público do evento (muitos estudantes, poucos jornalistas) ou sobre o quanto a maioria dos convidados defende o conteúdo aberto na internet e a transferência para o formato mobile, queria até mesmo postar este vídeo aqui no no blog para vocês assistirem, usado na apresentação de Marcos Foglia, do Clarín:
Mas, no final das contas, vou falar é sobre o Painel 4, que teve a seguinte composição de mesa (tirada do site do
MediaOn):
PAINEL 4 17H30 ÀS 19H
JORNALISMO SEM INTERMEDIÁRIOS – Twitters e blogs aproximam fonte e consumidor de informação
• Qual o impacto, no jornalismo, das ferramentas que permitem que as fontes da informação entrem em contato direto com o público?
• Casos de sucesso de uso de blogs e twitter por jornalistas
• O que significa, para a indústria da comunicação, não-jornalistas se tornarem distribuidores de informação?
• Como as empresas lidam com blogs e twitter de seus profissionais
Debatedores:
Danilo Gentili – Repórter do CQC, programa de jornalismo e humor da TV Bandeirantes
Altino Machado – Blog da Amazônia, de Terra Magazine
Camilla Menezes – Twitter de Mano Menezes
Mediador:
Marion Strecker – Diretora de conteúdo do UOL
No dia anterior ao do evento, um tweet que eu publicava — e que você pode ler no fim deste post — fazia referência à “falta de liga” da qual esta mesa poderia sofrer: Altino Machado, homem de trabalho sério e experiências densas ligadas à Amazônia e ao Acre, junto com o humorista Danilo Gentili e a ghost-writer do twitter de Mano Menezes, técnico do Corinthians.
Que o meu tweet não seja tido como um pré-conceito, por favor, mas como uma opinião pós-análise dos currículos dos convidados.
Pois bem, dito e feito: as falas versaram muito sobre temas pontuais ligados às atividades específicas de cada um e pouquíssimo sobre conceitos de novas mídias que poderiam ter
sido debatidos. Pontuo algumas coisas que me chamaram a atenção, não necessariamente interligadas e tampouco em ordem de importância:
Camilla Menezes: “Os jornalistas seguem o twitter do Mano para encontrar um diferencial porque sabem que dali vai sair algo (…) Desde abril, já foram feitas 40 reportagens citando frases do Mano no Twitter”.
Para, para, para tudo. Camilla está falando sobre “jornalismo de aspas”, aquele em que o repórter não se dá o trabalho de apurar qualquer coisa e apenas reproduz, na reportagem, frases tiradas de entrevista ou outra fonte (Twitter, neste caso). Ou seja, visando este tipo de repórter ou veículo, o twitter de Mano Menezes representa uma forma eficaz de controle da exposição já que a assessoria sabe que qualquer coisa que poste ali, infelizmente, será reproduzida em massa ocupando espaço e dando ao jornalista — repórter ou editor — uma desculpa para não correr atrás de algo de maior relevância: “Já temos notas suficientes para hoje. Prepare alguma coisa para amanhã de manhã”. Ou então: “Vamos subir estas aspas do Mano amanhã de manhã e basta”.
A incoerência de Danilo Gentili
Quando questionado sobre um tweet preconceituoso que teria escrito e logo apagado, Danilo respondeu: “Apaguei porque eu quis, o twitter é meu”. Depois de ouvir este libelo curto e grosso em prol da liberdade de fazer o que quiser com seu perfil, me surpreendeu de forma que mal consigo expressar as investidas de Danilo contra Camilla — e isto independe do meu juízo de valor sobre eles serem “legais” ou não. Danilo questionou o uso de
scripts para incrementar o número de seguidores e o fato de Camilla ser
ghost-writer do pai.
Concordo e me causa estranheza uma ghost-writer ser convidada para defender a ausência de intermediários na comunicação entre fontes/personagens e público em geral, o que é um problema da organização do evento. O que me causa estranheza maior, com o perdão pela total vulgaridade, é ter visto Danilo Genitli “cagando regras” no palco do MediaOn para cima de Camilla.
Não vou me estender, meu ponto já está posto: as mídias sociais são abertas, cada um faz delas o uso que bem entender. Quer usar script? Use. Quer pedir a alguém que escreva por você? Peça. Quer usar como ferramenta de marketing? Fique à vontade. Quer fazer piadas idiotas? Pode fazê-las. A liberdade é tanta que só te acompanha quem gosta do que você faz.
Sendo assim, por favor, criadores de regras inúteis, deixem a internet em paz.
(Ironias da vida. Acabo de receber um tweet com o texto: “hey If you want to get alot of followers check out http://xxxx“. Conto para vocês que não sou adepta dos scripts ou de qualquer coisa fake, na vida virtual ou real.)
Sigo para o sétimo painel do MediaOn, agora. Mas ainda quero falar sobre o preconceito sofrido por Altino Machado, que veio para comprovar sua fala na tarde/noite de ontem.
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